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Por onde caminha a juventude

Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo

A nossa geração quis dar o melhor às crianças e aos jovens. Sonhámos grandes sonhos para eles. Procuramos dar-lhes os melhores brinquedos, roupas, passeios e escolas. Não queríamos que eles andassem à chuva, se magoassem nas ruas, se ferissem com os brinquedos e vivessem as dificuldades pelas quais nós passámos.

Colocámos uma televisão na sala. Alguns pais, com mais recursos, colocaram uma televisão e um computador no quarto de cada filho. Outros preencheram o tempo dos seus filhos com actividades, matriculando-os em cursos de Inglês, Informática, Música.

Tiveram uma excelente intenção, só não sabiam que as crianças precisavem de ter infância, necessitavam de inventar, correr riscos, decepcionar-se, ter tempo para brincar e encantar-se com a vida. Não imaginavam o quanto a criatividade, a felicidade, a ousadia e a segurança do adulto dependiam das matrizes da memória e da energia emocional da criança. Não compreenderam que a televisão, os brinquedos manufacturados, a Internet e o excesso de actividades bloqueavam a infância dos seus filhos.

Criámos um mundo artificial para as crianças e pagámos caro por isso. Produzimos sérias consequências no território das suas emoções, no anfiteatro dos seus pensamentos e no solo das suas memórias. Vejamos alhumas dessas consequências.